Um despertar oculto no cérebro pode explicar por que as mulheres envelhecem mais devagar
Por que as mulheres tendem a viver mais que os homens? É uma pergunta que intriga cientistas há décadas. Enquanto fatores como estilo de vida e acesso a cuidados de saúde desempenham um papel, evidências crescentes sugerem que diferenças biológicas fundamentais também podem estar em jogo. Uma nova pesquisa aponta para um "despertar oculto" no cérebro feminino que pode contribuir para o envelhecimento mais lento e maior longevidade em comparação com os homens.

O estudo, conduzido em camundongos, focou em um tipo específico de célula cerebral chamada oligodendrócitos. Essas células são essenciais para a função cerebral, pois produzem mielina, uma substância gordurosa que isola as fibras nervosas e permite a transmissão eficiente de sinais elétricos. A mielina é crucial para uma variedade de funções cognitivas, incluindo aprendizado, memória e velocidade de processamento.

Os pesquisadores descobriram que os oligodendrócitos nos cérebros dos camundongos fêmeas sofrem um "despertar" durante a transição para a idade adulta, levando a um aumento na produção de mielina. Esse aumento na mielinização coincide com o início da idade adulta nas fêmeas e parece estar ausente nos machos. Os cientistas acreditam que esse aumento na mielina pode fornecer um benefício protetor para o cérebro feminino, melhorando a função cognitiva e potencialmente retardando os efeitos do envelhecimento.

Para investigar os mecanismos subjacentes a esse despertar dos oligodendrócitos, os pesquisadores analisaram a expressão gênica nessas células. Eles descobriram que um gene específico localizado no cromossomo X, chamado Kdm6a, desempenha um papel crítico na regulação da produção de mielina. Curiosamente, este gene escapa da inativação do cromossomo X, um processo que silencia um dos dois cromossomos X nas fêmeas para equilibrar a expressão gênica entre os sexos. Os pesquisadores levantam a hipótese de que a expressão contínua de Kdm6a do segundo cromossomo X nas fêmeas pode contribuir para o aumento da mielinização observada.

Embora este estudo tenha sido conduzido em camundongos, as descobertas têm implicações potenciais para a saúde humana. Mais pesquisas são necessárias para determinar se mecanismos semelhantes estão em jogo no cérebro humano e se direcionar o gene Kdm6a ou vias relacionadas poderia ser uma estratégia terapêutica para promover o envelhecimento saudável e prevenir doenças neurodegenerativas em ambos os sexos.
Essa pesquisa contribui para a crescente compreensão das diferenças biológicas entre homens e mulheres e como essas diferenças podem influenciar o envelhecimento e a longevidade. Ao desvendar os mecanismos subjacentes ao envelhecimento sexualmente dimórfico, os cientistas podem abrir caminho para novas intervenções que promovem a saúde e o bem-estar ao longo da vida.